O setor jurídico é particularmente vulnerável às doenças de saúde mental. Isso porque a sobrecarga emocional devido às cobranças por prazos e gestão de litígios acoplada à necessidade de obter clientes e a ambientes altamente competitivos, tem provocado quadros de ansiedade e depressão entre os advogados.
Apesar desse cenário, apenas 14% deles recorrem a terapias ou algum tipo de atendimento psicológico. É o que descobriu a pesquisa PerfilADV, o primeiro estudo sobre o perfil demográfico da advocacia brasileira, realizado em 2024 pela OAB Nacional em parceria com a FGV.
Com a entrada em vigor da normativa NR-1, que exigirá que todas as empresas, inclusive escritórios de advocacia, se adequem ao Gerenciamento de Riscos Operacionais (GRO), o setor jurídico demonstra preocupações.
Para a contadora e especialista em finanças jurídicas Beatriz Machnick, que desenvolveu o Método MAC, uma tríade exclusiva que devolve o equilíbrio por meio da correta gestão dos recursos, do tempo e das emoções, a advocacia deve agir rápido, pois a obrigatoriedade inicia em 26 de maio.
“Hoje estamos lidando com uma nova normativa que obriga as companhias a voltarem seus olhares para esse tema, porém, o assunto não é novo! Desde janeiro de 2022, temos compartilhado a metodologia do MAC que já englobava, naquela época, o cuidado na gestão das emoções como um pilar para um sucesso profissional com propósito e leveza. Em nossa experiência, vemos que é possível ter um escritório altamente lucrativo sem abdicar do bem-estar”, afirma.
Mas atenção: cumprir a norma não deve ser visto apenas como uma obrigação legal. Para que a NR-1 tenha um impacto real, é imprescindível que todos compreendam as especificidades do estresse e dos riscos psicossociais no setor jurídico e adotem estratégias direcionadas para a advocacia.
“O primeiro passo já foi dado: reconhecer a importância da saúde mental. Agora é preciso evoluir para promover treinamentos e ações que ensinem a estabelecer um equilíbrio entre o uso do tempo – um recurso finito – a capacidade de gerenciamento e organização dos recursos financeiros, para assim, garantir a prosperidade e a aplicação da empatia na rotina dos escritórios”, analisa Beatriz Machnick.
A especialista, referência no setor por atender mais de 100 bancas de advocacia e palestrar sobre o tema no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, conclui que, sem o gerenciamento correto dos três recursos essenciais, a saúde mental fica comprometida e a sustentabilidade dos escritórios se fragiliza.