Consumo das mulheres no mercado tem potencial desperdiçado

Mulheres representam grande parte do público consumidor

Mulheres representam grande parte do público consumidor Reprodução/Internet

No mercado de trabalho, principalmente para empresas e seus corpos diretivos, a presença da mulher ainda é tratada com muito tabu e preconceito. Porém, do outro lado, na parte que se refere a consumo, alguns segmentos ainda enxergam as mulheres como um público longe de ser o alvo.

Ao contrário do que se possa pensar, não são produtos com alvos extremamente nichados, atingindo poucas pessoas, mas produtos com muita oferta e procura, movimentando mercados gigantescos e com milhões de pessoas.

Um dos mercados que ainda sofre com essa visão preconceituosa é o do setor de tecnologia. Segundo Cristina Boner, empresária do ramo, “A visão ultrapassada de que as mulheres não se interessam por computadores, ou para ter os melhores modelos, com os melhores softwares, persegue o gênero há muito tempo e muitas vezes não é por culpa dos vendedores, mas sim do próprio público alvo. Infelizmente, é bem comum ver pessoas que tratam mulheres envolvidas com computação de forma pejorativa, com as mais diversas ofensas”.

Entretanto, segundo estudo da Nielsen/Opinion Box, o setor tecnológico é o terceiro mais procurado pelas mulheres em compras online, com 43% dentre as compras realizadas a partir de anúncios na internet, perdendo somente para roupas, sapatos e acessórios, com 48%, e alimentos, com 45%. 

Como já é sabido, o mundo das empresas de tecnologia não apresenta um grande número de mulheres nos postos de trabalho, sendo menos de 30% do contingente total e 8% dos cargos de liderança, de acordo com pesquisa feita pela Deloitte. No entanto, elas representam 85% dos gastos totais dos consumidores, o que significa R$152 trilhões sendo movimentados anualmente.

“Quando vemos que um setor inteiro tem dificuldade de inserir um gênero com números tão bons em seus ramos de negócios, e mesmo assim ser rentável, é inevitável pensar na falha delas em crescer o máximo que podiam. Qualquer outro empresário, de qualquer outro segmento, estaria preocupado com isso, com potencial desperdiçado de suas empresas. Mas, apesar disso, boa parte do público ainda demonstra incômodo em ver as mulheres se tornando o alvo mais valioso de vendas e propagandas. Claramente, elas não vão parar de comprar por conta disso, mas fica notável a falta de visão de quem não entendeu o boom de vendas que teria ao mirar nelas com seus produtos”, aponta Cristina Boner.

Apesar da luta ainda ser complicada e com longos caminhos a serem percorridos, há cada vez mais mulheres envolvidas com isso, com trabalhos que lidem com programação, criação de jogos, design, empregos que, em maior ou menor escala, necessitam de contato direto com as melhores ferramentas possíveis no mercado.

Por ter ingressado na área desde o início no País, Boner lembra que, para empresas de tecnologia, algo novo sempre pode causar um grande impacto nos negócios e nos lucros. A depender da inovação, um segmento inteiro pode sofrer graves consequências, ou até acabar. Por isso, não há lógica na prática de não focar nas mulheres.

Como ela aponta, “Nos anos 1990, as fitas eram a forma de poder assistir filmes, as máquinas de fax eram necessárias em todas as empresas, os disquetes carregam os arquivos e mal suportavam os dados. Atualmente, temos os streamings, os envios pela nuvem e os grandes servidores. O tempo pode ser cruel com as tecnologias, e cada minuto onde pode-se aproveitar o auge de seu negócio é precioso”.

Conheça a historia de Cristina Boner, empreendedora do setor de Tecnologia [Infográfico] – Guia Empreendedor