Os juros do cartão de crédito foram, por muito tempo, o verdadeiro vilão de quem está endividado, mas isso começou a mudar em 2024. Passaram a valer novas regras com o objetivo de proporcionar maior proteção aos consumidores e evitar o endividamento excessivo. Para ajudar você a entender o que são juros de cartão de crédito e as novas regras que passam a valer em 2024, Claudia Andrade, Head de Cobrança e Atendimento da Recovery, destaca as principais mudanças e explica como elas afetam os titulares de cartão de crédito.
O que são juros do cartão de crédito
Existem dois principais tipos de juros que podem ser aplicados aos cartões de crédito: juros moratórios e juros rotativos.
Juros Moratórios:
Os juros moratórios do cartão de crédito correspondem à taxa que os emissores cobram quando você não paga o valor total da sua fatura até o vencimento. Essa taxa é diária e composta, o que pode resultar em uma dívida crescente se não for quitada rapidamente de forma integral, fazendo com que você fique endividado. Os juros são calculados com base na taxa anual do cartão, convertida em uma taxa diária, aplicada ao saldo diário até que o saldo seja pago. Muitas vezes, os juros são compostos, ou seja, calculados não só sobre o saldo principal, mas também sobre os juros acumulados.
Juros rotativos
Os juros rotativos são uma modalidade de cobrança de juros utilizada pelos emissores de cartão de crédito quando o titular não paga o valor total da fatura na data de vencimento. Quando isso acontece, o titular tem a opção de pagar apenas o valor mínimo ou um valor parcial da fatura.
O saldo restante é financiado de forma automática por meio do chamado crédito rotativo. Os juros rotativos são cobrados sobre esse saldo remanescente, de modo geral a uma taxa muito alta. Isso faz com que os juros de cartão de crédito sejam uma das formas mais caras de crédito disponíveis. Essa modalidade pode resultar em uma dívida difícil de ser quitada se não for tratada com cuidado, pois o acúmulo rápido de juros sobre o saldo pendente pode se tornar incontrolável.
Entenda a nova lei que limita os juros rotativos do cartão de crédito
A partir de janeiro de 2024, as novas regulamentações que limitam os juros do crédito rotativo do cartão de crédito entraram em vigor no Brasil. Com essas alterações, o montante total da dívida, incluindo juros, para aqueles que atrasam o pagamento da fatura do cartão, não poderá ultrapassar o dobro do valor original da dívida.
Ou seja, se a dívida original for de R$ 100, o cliente não poderá ser cobrado mais do que R$ 200, incluindo juros e encargos. Com a medida, o governo visa estabelecer um teto de cobrança de juros, evitando cobranças abusivas e o endividamento da população.
Como funciona a portabilidade de dívida de cartão de crédito
A partir de 01 de julho, os clientes podem transferir suas dívidas de cartão de crédito para uma instituição financeira que ofereça taxas de juros mais baixas. Também podem buscar por melhores condições de pagamento e solicitar uma proposta para quitar as dívidas do cartão de crédito. Mas, antes de migrar para outra instituição bancária, a recomendação do Banco Central é que os clientes verifiquem se aquela em que possuem a dívida original está disposta a fazer uma contraproposta.
Para garantir transparência e facilitar a comparação de custos, algumas regras foram estabelecidas:
- a proposta da instituição proponente deve ser feita por meio de uma operação de crédito consolidada;
- a instituição credora original, ao realizar uma contraproposta, deve apresentar ao cliente, pelo menos, uma proposta de operação de crédito consolidada com o mesmo prazo da proposta da instituição proponente;
- e, se a portabilidade do crédito ocorrer, deve ser feita de forma gratuita.
Entendeu quais as regras de juros do cartão de crédito em vigor a partir de 2024? Esta medida, aliada a um bom planejamento financeiro, visa evitar o endividamento. “Pagar as contas em dia é sempre o melhor caminho, mas imprevistos podem acontecer. Se você se enrolou e não conseguiu pagar a fatura do cartão no mês, entre em contato com a instituição financeira o mais rápido possível e verifique as possibilidades de parcelamento. Muitas vezes é possível encontrar parcelas que cabem no bolso”, conclui Claudia Andrade, da Recovery.